A prática de proibir civis de socorrer vítimas da violência nas ruas,
adotada por policiais militares, abriu uma crise na cúpula da Secretaria da
Segurança Pública de São Paulo.
O Comando da PM, que defendia a proibição do socorro a vítimas por parte
de moradores, foi desautorizado ontem pelo governo.
A cúpula da secretaria afirmou que os policiais não podem proibir que
familiares ou vizinhos socorram um ferido de assalto, por exemplo, o que
contraria posicionamento oficial por parte da PM.
Resolução do governo publicada em janeiro pelo secretário da Segurança,
Fernando Grella, proíbe os policiais de levar vítimas de violência para
hospitais. A ordem é para que eles acionem unidades especializadas, como Samu,
e preservem o local do crime.
A PM entendia que a proibição também valia para quem não é policial.
"Os policiais militares não podem
autorizar a condução ao hospital por conhecidos ou mesmo familiares", disse a PM em nota enviada à Folha na
sexta-feira.
BRASILÂNDIA
A corporação usou a nota para justificar a ação de PMs que tentaram impedir que moradores da Brasilândia (zona norte) socorressem oito jovens baleados por criminosos na quarta passada.
Na ação, segundo moradores, os PMs ficaram parados observando as vítimas, com idades entre 14 e 20 anos, agonizando.
A corporação usou a nota para justificar a ação de PMs que tentaram impedir que moradores da Brasilândia (zona norte) socorressem oito jovens baleados por criminosos na quarta passada.
Na ação, segundo moradores, os PMs ficaram parados observando as vítimas, com idades entre 14 e 20 anos, agonizando.
Na ocasião, vizinhos entraram em confronto com os policiais para levar
os baleados ao hospital. Dois feridos que aguardavam resgate morreram.
"A resolução [...] é clara na
preocupação de que o socorro seja o adequado", finalizava a nota da PM.
Anteontem, porém, em resposta à Folha, a Secretaria da Segurança disse
que a interpretação da PM estava equivocada.
"A resolução também não proíbe civis ou
familiares de vítimas transportar feridos."
Procurada novamente, a PM mudou de posicionamento. Disse que a
interpretação dos policiais foi equivocada "e por isso uma sindicância
havia sido aberta". A corporação ressaltou, porém, que foi a própria
secretaria que avalizou a nota enviada à Folha na sexta-feira.
A secretaria não fez comentários sobre essa afirmação.
Desde fevereiro, a Promotoria, com base em informações do Samu,
recomenda a Grella mudanças na resolução e melhor orientação aos policiais
sobre a norma. Grella, no entanto, disse à Promotoria que a PM estava bem
orientada e que não precisava mudar a resolução.
Fonte: Folha de S. Paulo
- Cotidiano
Rogério
Pagnan – de São Paulo
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