Uma gangue formada por crianças e adolescentes de 9 a 14
anos tem assustado quem passa pela avenida Almirante Delamare, que liga a zona
sul de São Paulo a São Caetano, no ABC paulista.
O local é responsável pela alta no número de roubos
registrados na região, que subiu 23% em fevereiro,
em comparação com o mesmo período do ano passado. Foram 174 ocorrências, ou
mais de cinco por dia na área do 95.º Distrito Policial.
Além de
identificar os menores, a polícia afirma ter feito 21 prisões em flagrante
entre janeiro e março - todas na Almirante Delamare. Na semana passada, dois
homens que foram presos se passavam por policiais civis.
"É um local com iluminação precária, lombadas
e semáforos em locais inadequados, ou seja, um ambiente propício a
criminosos", afirma o secretário municipal de segurança de São
Caetano do Sul, o tenente-coronel José Quesada Farina.
"Colocamos viaturas da Guarda Civil
Metropolitana no fim da avenida. Mas é mais para dar uma assistência, porque
não é do lado de São Caetano que os crimes acontecem."
O grupo de cinco
garotos já foi detido duas vezes somente na semana passada e liberado em
seguida. Em uma delas, havia roubado uma mala com U$ 15 mil, devolvida ao dono.
Usam uma pistola de brinquedo, envolvida com fita isolante.
Os garotos são
moradores do bairro de Heliópolis, cortado pela avenida Almirante Delamare. A
maioria é conhecida na comunidade - algumas das mães dos meninos trabalham como
empregadas em entidades públicas do bairro.
"Pela lei, eles não podem ser presos, e, sim,
encaminhados ao Conselho Tutelar e depois devolvidos às mães. Então nós pegamos
um grupo na terça-feira e na quinta-feira eles estão na rua de novo. É uma
falha legislativa que às vezes torna o trabalho das autoridades inútil",
explica o capitão Vila Real, comandante da 1.ª Companhia do Policiamento de
Heliópolis.
A maioria dos
boletins de ocorrência de roubo, segundo o delegado do 95.º Distrito Policial,
Valdecir Alves dos Reis é de casos envolvendo moradores de São Caetano -- a
Almirante Delamare é praticamente a única rota para quem mora na cidade e
trabalha em São Paulo.
"Já fizemos o reforço de policiamento no local
e destacamos viaturas para fazer uma ronda constante na Delamare. Eles assaltam
mais quando há trânsito pessoas paradas no semáforo. E, para os bandidos fica
fácil fugir para dentro da comunidade, já que a avenida fica às margens de
Heliópolis", explica o delegado.
Sobre a gangue de
meninos, Reis diz que a polícia age dentro do possível. "Você coloca policiamento em um lugar, eles vão para o outro. Os
menores, você pega, e logo eles voltam a cometer crimes novamente."
Caminho
As associações de
moradores, o secretário de São Caetano e o Conselho de Segurança (Conseg) da
região já se reuniram para falar sobre os altos índices de violência na
avenida. "Não acho de bom tom falar
para a população simplesmente mudar seu caminho para casa. Cada um deve ter o
direito de passar por todas as vias que quiser e com segurança",
afirma Quesada.
Questionada, a
Secretaria de Segurança Pública de São Paulo afirma que "o Departamento de Polícia Judiciária da Capital (Decap) vem
empreendendo esforços visando à redução dos índices de criminalidade em
geral". A secretaria estadual diz ainda que "a Polícia Militar tem feito o possível para garantir a segurança
na região". As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo".
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