Nove dos 12 crimes dolosos (com intenção) registrados na cidade de São
Paulo em janeiro deste ano cresceram em comparação com o mesmo período do ano
passado. Foi o caso dos homicídios dolosos, que aumentaram 16,7% no mês passado.
Também subiram os latrocínios (114,3%), estupros (23,4%), roubos
diversos (10,3%), roubos de carro (10,1%), roubos a banco (42,9%), furtos
(13,8%) e furtos de veículo (16,8%). Os únicos crimes que registraram queda
foram roubo de cargas (-2,4%), lesão corporal (-4,9%) e homicídio doloso de
trânsito - que não registrou nenhum caso.
Apesar do aumento, nem o delegado-geral, Maurício Blazeck, chefe da
Polícia Civil, nem o comandante da Polícia Militar, coronel Benedito da Costa
Meira, quiseram comentar os dados. O mesmo ocorreu com o secretário de
Segurança Pública, Fernando Grella Vieira, que assumiu no dia 22 de novembro,
em meio à escalada de violência que derrubou o secretário anterior, Antonio
Ferreira Pinto.
Janeiro foi o segundo mês de Grella no cargo. No período, os conflitos
envolvendo policiais militares e integrantes do Primeiro Comando da Capital
saíram das manchetes e a crise parecia ter arrefecido. Mas os dados de
criminalidade continuaram em crescimento, apesar da redução na velocidade do aumento
dos homicídios. Em novembro, por exemplo, o crescimento na capital havia sido
de 50%.
Grella fez mudanças que indicaram endurecimento contra policiais
militares suspeitos de crimes. Uma das medidas mais polêmicas foi a proibição
de PMs socorrerem vítimas de tiros, trabalho que passou a ser feito apenas
pelas ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência. Também foram
presos PMs suspeitos de homicídios.
Apesar da aparência de tranquilidade, no entanto, o começo do ano
continuou com dados negativos na segurança. No Estado, também aumentaram os
índices de dez dos 12 crimes dolosos: caso dos homicídios, que cresceram 16,9%,
dos roubos diversos (9,3%) e do roubo de carros (18,7%).
Para entender: Análise oficial distorce dados
Na divulgação dos dados, a Secretaria de Segurança apontou ontem queda
de 37% nos homicídios na capital, na comparação entre janeiro e dezembro. A
comparação, no entanto, distorce os dados por não considerar sazonalidade. Mês
de férias, janeiro tradicionalmente registra os mais baixos índices de
violência. Por isso, o correto é que seja sempre comparado ao janeiro anterior.
Lei seca derruba número de mortos e feridos
no trânsito
O endurecimento da lei seca, que passou a vigorar em janeiro deste ano,
já produziu resultados importantes na queda da violência no trânsito. No mês
passado, a cidade registrou 44 homicídios culposos por acidente de trânsito,
número 29% menor do que o registrado no mesmo período de 2012. As lesões
culposas por acidente de trânsito também caíram - 5,7%, com registro de 1.836
dos casos.
A queda nos casos de crimes culposos, quando o autor não tem a intenção
de provocar o dano, foi a melhor notícia nos dados de segurança pública
divulgados na segunda-feira, 25, pelo governo. Além dos casos de trânsito, com
a lei seca também caíram os homicídios culposos. Foram apenas três casos na
capital, enquanto janeiro do ano passado registrou 33 ocorrências.
A mesma tendência é verificada no Estado. A redução nas mortes por
acidente de trânsito chegou a 12,9%, com 290 ocorrências. A lei seca ainda
derrubou os homicídios culposos, que passaram de 51 para 16 casos.
No dia 20 de dezembro, a presidente Dilma Rousseff sancionou a nova lei
que tornava mais rígida a fiscalização de motoristas que bebem antes de
dirigir. Apesar de a resolução do Conselho Nacional de Trânsito (Contran)
regulamentando as mudanças e determinando o valor da multa só ter sido
publicada em 29 de janeiro, a repercussão da medida levou à intensificação das
blitze policiais.
Drogas. Dados que medem a atividade da polícia também registraram
números mais baixos em janeiro em relação ao mesmo período do ano passado. Foi
o caso dos flagrantes de entorpecentes na capital. Em janeiro de 2012, teve
início a Operação Cracolândia, que fez aumentar os flagrantes de droga
principalmente na região central. As 735 ocorrências registradas naquele mês
baixaram 9,8% e ficaram nos 663 casos em janeiro deste ano.
Na avaliação de Luciana Guimarães, diretora da ONG Sou da Paz, apesar da
piora nos dados de criminalidade, ainda faltam ferramentas que permitam avaliar
a política de segurança pública de maneira mais aprofundada. Ela cita a falta
de indicadores para medir o trabalho da Polícia Civil como uma das principais
lacunas. "A gente não sabe quantos
inquéritos são esclarecidos nem o total de roubos e homicídios
desvendados", afirma.
Fonte: O Estado de S.
Paulo – Metrópole
Bruno Paes
Manso e Daniel Trielli
http://www.aasp.org.br/aasp/imprensa/clipping/cli_noticia.asp?idnot=13888
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