Paredes de celas mais finas que o exigido -que podem ser derrubadas com
um golpe de marreta- e tetos com risco de desabar são alguns dos problemas que
levaram o governo federal a suspender verbas para a construção de presídios em
oito Estados.
Indícios de superfaturamento e contratos direcionados também estão entre
os fatores que fizeram o Ministério da Justiça interromper o financiamento. O
programa envolve cerca de R$ 1,1 bilhão e visa reduzir o déficit de vagas no
sistema prisional.
Entre os Estados atingidos estão Bahia, Rio Grande do Sul, Alagoas e
Maranhão.
Em junho, o Depen (Departamento Penitenciário Nacional), responsável
pelo programa, suspendeu a aprovação de repasses e a análise de projetos em
andamento, que chegam a R$ 176 milhões.
A medida foi adotada depois que chegaram ao ministério laudos elaborados
pelo Instituto Nacional de Criminalística, da Polícia Federal, em presídios em
construção em Santa Catarina. A Folha obteve cópias dos relatórios.
Os peritos da PF acharam indícios de que as obras foram realizadas com
materiais de preço inferior ao pactuado. A diferença, diz o Depen, além de
representar gastos irregulares, pode comprometer a segurança das prisões.
Nas paredes das celas, por exemplo, o contrato exigia 7,5 cm de
espessura de concreto, mas, de acordo com o laudo, ele não superava 3,5 cm.
"O normal são paredes de 15 cm para
mais. De 3,5 cm, com uma marretada, dá para ser aberta. É fina demais, é
difícil até para executar", diz Claudio Gil, engenheiro civil especializado em estruturas de
concreto e dono de empresa que já atuou em presídios.
O laudo também diz que "as
lajes do teto das celas não possuem armação, reduzindo a segurança das
mesmas".
MÓDULOS
Os serviços em Santa Catarina e nos oito Estados com repasses suspensos estão a cargo da empresa Verdi Construções, de Erechim (RS), por meio de um método chamado Siscopen, que usa sistemas modulares de construção, o que agiliza as obras.
Os serviços em Santa Catarina e nos oito Estados com repasses suspensos estão a cargo da empresa Verdi Construções, de Erechim (RS), por meio de um método chamado Siscopen, que usa sistemas modulares de construção, o que agiliza as obras.
O sistema seria de uso exclusivo da empresa, o que permitiria a dispensa
de licitações. Essa celeridade do método construtivo foi usada como argumento
para a contratação direta da Verdi em ao menos três Estados.
Porém, os peritos encontraram outras empresas no país que utilizam
metodologia semelhante, com preços inferiores. Uma cela, orçada por R$ 85,8 mil
em Santa Catarina, foi encontrada por R$ 45 mil em empresa de São Paulo.
A polêmica levou o Ministério Público Federal no Paraná a recomendar que
o Estado não efetuasse contratos sem licitação para as prisões.
Fonte: Folha de S. Paulo
– Cotidiano
José Ernesto Credendio
Colaborou Cristina
Moreno de Castro
http://www.aasp.org.br/aasp/imprensa/clipping/cli_noticia.asp?idnot=12836
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