A popularização dos smartphones é uma tendência que vem trazendo novos
desafios para o trabalho de investigadores forenses especializados em
informática. Antes, quando um perito tinha de examinar o celular de um
traficante de drogas ou de alguma vítima de homicídio, por exemplo, a análise
se resumia basicamente ao histórico de chamadas telefônicas e de mensagens de
texto (SMS). Com os smartphones - que têm uma gama muito maior de recursos,
incluindo o acesso à internet e aplicativos -, a quantidade de dados que esses
peritos têm de capturar aumentou significativamente.
O fato de a maioria dos smartphones tirar fotos e gravar vídeos é um dos
fatores que contribuem para esse novo cenário, segundo Marcos Vinicius Lima,
perito criminal do serviço de perícias em informática da Polícia Federal. "Com esse tipo de equipamento, há uma
capacidade muito grande de gerar informações", disse.
Em 2008, o serviço de perícias em informática da Polícia Federal
analisou aproximadamente 500 mil terabytes de dados - o equivalente a 100
milhões de gigabytes - relacionados a investigações de diversos tipos de
crimes, segundo Lima. Não há dados mais recentes, mas aspectos como a
popularização dos smartphones e outros dispositivos móveis indicam que esse
volume tenha aumentado consideravelmente desde então.
Para os peritos criminais em informática, a batalha para coletar e
armazenar todo esse volume de dados - chamados
de evidências digitais - é inglória. Apesar de a quantidade de informações
ser cada vez maior, os peritos não têm como acelerar esse trabalho de análise. "Temos regras próprias para seguir e
isso toma tempo", explicou Lima. "Não
podemos simplesmente sair mexendo no aparelho."
Em último caso, deixar de seguir algum desses critérios de investigação
pode até levar um juiz a recusar o uso de uma determinada prova digital no
julgamento de um crime.
Além dos smartphones, o modelo de computação em nuvem é outra tendência
tecnológica que vem mudando a rotina de trabalho dos peritos especializados em
informática. Como nesse caso as informações são acessadas via internet, o
conteúdo relacionado à investigação pode estar armazenado em qualquer servidor
da rede mundial e não apenas na memória do computador analisado, como era comum
acontecer antes.
Se as fotos relacionadas a um crime de pedofilia forem armazenadas, por
exemplo, no serviço Skydrive, da Microsoft, o perito só terá acesso a esses
arquivos depois que um juiz expedir um mandado judicial obrigando a companhia a
fornecer os dados necessários para a investigação. Não por acaso, o acesso a
informação também ficou muito mais difícil, segundo disse Lima.
Fonte: Valor Econômico –
Empresas
Bruna Cortez
- De São Paulo
http://www.aasp.org.br/aasp/imprensa/clipping/cli_noticia.asp?idnot=12855
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