Um ano após o novo sistema de atendimento ao público ter sido instituído
nas delegacias da cidade de São Paulo, o tempo de espera pelo registro de
ocorrências policiais melhorou, mas ainda não está dentro do esperado, de até
20 minutos. Dos 21 distritos visitados pela reportagem, dez atingiram o prazo.
A Polícia Civil disse que espera ampliar as centrais de flagrantes até 2013
para agilizar o processo.
O novo sistema começou a ser instalado pelo Departamento de Polícia
Judiciária da Capital (Decap), em julho de 2011. Entre as mudanças estava o
funcionamento 24 horas de todas as delegacias - até julho do ano passado, 26
fechavam à noite. Centrais de flagrantes também foram criadas para desafogar os
distritos dos casos mais graves.
A reportagem visitou 21 dos 93 distritos da capital e pegou uma amostra
aleatória do tempo em que uma pessoa demorava para registrar um boletim. A
maior espera foi no 10.º DP (Penha), na zona leste. Na quarta-feira, a
estudante Keila Marielly Guedes Lopes, de 19 anos, precisou esperar 3h30 para
registrar um boletim de ameaça. "Com
essa demora dá vontade de ir embora." Segundo o delegado assistente do
10.º DP, Marcos Anibal Andrade, a demora acontece quando surgem ocorrências da
PM, que têm prioridade.
No 3.º DP (Santa Ifigênia), o ajudante geral Edílson Nascimento da
Silva, de 36 anos, esperou mais de uma hora para registrar um roubo. Ele foi
atacado por usuários de crack, que levaram seu radiocomunicador e um celular. "Só estou esperando para fazer o
boletim porque os aparelhos são da empresa. Se não fossem, não ficaria."
O delegado titular, Antônio Luis Tuckumantel, afirmou que o tempo para
concluir o registro varia de 18 a 50 minutos. "Às vezes a vítima está sem um documento específico e isso
atrasa."
A farmacêutica Renata Del Monte, de 37 anos, fez um boletim de roubo no
1.º DP (Sé) em 10 minutos. "O
atendimento foi ótimo, pensei que ia ficar mais tempo."
Pontuais. O Decap informou que sempre ocorrerão problemas pontuais nos
DPs e as ações são elaboradas para o atendimento geral médio. Mas, segundo o
departamento, a população aprovou a mudança do sistema. Em julho de 2011, das
ligações ao Serviço de Atendimento ao Cidadão, 55% eram reclamações e 45%,
elogios. Em abril, foi para 18% e 82%, respectivamente.
Segundo a polícia, o tempo médio para o registro dos boletins é de 25 a
30 minutos. Antes ficava entre 3 e 4 horas. "Quando estabelecemos a meta de 20 minutos era para ter um desafio bem
consistente, quebrar o ciclo vicioso do mau atendimento e estabelecer uma nova
dinâmica de trabalho", disse o delegado-geral da Polícia Civil, Marcos
Carneiro.
Para Carneiro, a criação das nove Centrais de Flagrante também foi
essencial. "É onde são registrados
os casos mais graves. Dessa maneira a delegacia pode agilizar o registro de ocorrências
mais leves, como furtos e roubos", explicou Carneiro. O delegado-geral
informou que a capital deve ganhar mais sete centrais até o início de 2013.
O presidente da Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São
Paulo, Marilda Pinheiro, afirmou que o novo método para o registro dos boletins
de ocorrência ainda está aquém do esperado. "Precisamos
de mais delegados para enfrentar o volume de ocorrências que tem
crescido." Segundo ela, a cada 15 dias o Estado de São Paulo perde um
delegado. "Ou eles vão para outros
Estados, à procura de melhores salários, ou mudam de profissão."
Segundo o delegado-geral, 200 delegados serão contratados até o fim deste ano.
Fonte: O Estado de S.
Paulo – Metrópole
Fabiano Nunes
http://www.aasp.org.br/aasp/imprensa/clipping/cli_noticia.asp?idnot=12397
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