quinta-feira, 26 de julho de 2012

Com 4 homicídios por dia, SP registra aumento de 47% nas mortes em junho


Os casos de homicídio na cidade de São Paulo cresceram 47% no mês de junho e lideraram a piora generalizada nas taxas criminais na capital em relação ao mesmo período do ano passado. Foram 122 ocorrências, que vitimaram 139 pessoas na capital no período - mais de 4 por dia. 

A capital, que desde o ano passado vinha conseguindo se manter abaixo do patamar de 10 homicídios por 100 mil habitantes (taxa que a Organização Mundial de Saúde, a OMS, considera como epidemia), registrou em junho 13 casos por 100 mil habitantes. A segurança pública na capital viveu um período atípico no mês passado, marcado pela tensão provocada pelo assassinato de seis policiais militares a mando do Primeiro Comando da Capital (PCC). 

Nos dias que se seguiram aos crimes, moradores de bairros da periferia de São Paulo, como Capão Redondo e Parque Bristol, na zona sul, reclamaram da ocorrência de execuções suspeitas de jovens. 

Os índices de homicídio, no entanto, já vinham crescendo desde março. Tanto que o semestre também registra alta acumulada de 21,4%. Nos seis primeiros meses do ano, foram registrados 585 assassinatos na capital, taxa de 10,3 casos por 100 mil habitantes. 

O aumento do total de conflitos é reforçado pelo crescimento das tentativas de assassinato, que saltaram 89% em junho, com 144 registros na capital paulista.

Latrocínios e resistência. Os casos de homicídios dolosos divulgados pela Secretaria de Segurança Pública não levam em consideração os mortos em confronto com a Polícia Militar nem os latrocínios, mortes resultantes de assaltos. 

Os casos de roubos seguidos de morte também cresceram 50% em São Paulo no mês de junho. Foram 9 casos, enquanto no mesmo mês do ano anterior ocorreram seis casos. Os números de latrocínio foram piores em todo o semestre na capital, com 55 casos, que representam aumento de 19,6% em relação aos primeiros seis meses do ano anterior. 

Já os registros de resistência seguida de morte, homicídios depois de supostos confrontos entre a vítima e a Polícia Militar, caíram em junho. Foram 29, conforme a Secretaria de Segurança, redução de 54% em relação ao mesmo período do ano passado, com 63 mortes. Apesar da queda em junho, a capital registrou crescimento de 9,4% de resistências seguidas de morte no semestre. Foram 140 casos, enquanto o primeiro semestre do ano passado registrou 128 ocorrências. 

O período posterior aos ataques a policiais por integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC), em maio de 2006, também foi marcado pela queda de casos de resistências seguidas de morte. Na semana que se seguiu aos ataques, assim como ocorreu em junho deste ano, houve uma explosão de homicídios suspeitos. 

Narcotráfico. Uma das hipóteses para a queda dos casos de resistências seguidas de morte é a diminuição da ação da polícia no combate ao tráfico. Em junho, as apreensões caíram 0,8%. 

8 dos 11 principais crimes cresceram 

Oito entre os 11 principais tipos de crime na capital registraram crescimento no mês passado. Além do aumento dos homicídios (47%) e latrocínios (50%), subiram os roubos em geral (9,4%), roubos de carro (5,7%), roubos de carga (28%), tentativas de homicídio (89%), estupros (68%) e lesões corporais dolosas (7%). Caíram somente as ocorrências de roubos a banco (-53%), furtos (-11%) e furtos de carros (-8,1%), assim como as mortes culposas (sem intenção) ocorridas por causa de acidentes de trânsito (-7,4%).

No semestre, as taxas de crimes também sofreram uma "escalada". Nos seis primeiros meses do ano na capital, além de homicídios (24,4%) e latrocínios (19,6%), cresceram estupros (24,2%), roubos (7,7%), roubos de carros (22,5%) e furtos de carros (5,8%). Os crimes que caíram na capital durante o semestre foram apenas dois: extorsões mediante sequestro (-15,4%) e furtos (-1,9%). 

Quando se analisa o semestre, a delegacia da Sé continua a ser a líder no ranking de roubos em geral (todos, menos veículos). Foram 1.520 casos neste ano. Na sequência, aparecem os distritos do Campo Limpo e do Capão Redondo, na zona sul. Na ponta oposta da tabela, aparecem Alto da Mooca (com 152 BOs de roubos apenas), Belém e Parque da Mooca, na zona leste. 

Na comparação com o ano passado, a melhor forma de verificar a ação policial local de um ano para o outro, o ranking sofre alterações. O maior aumento registrado no número de roubos em geral ocorreu no Jardim Mirna, no extremo da zona sul (81,3%). Na sequência, aparecem as áreas dos DPs do Ipiranga (62%) e do Jardim das Imbuias (57,2). Por outro lado, a polícia obteve maiores reduções no Jardim Taboão (31,4%), na Vila Carrão (25,2%) e no Jaçanã (24,1%). Ainda houve reduções em Santo Amaro (10,5%), Pinheiros (6,9%), Vila Clementino (4,3%) e Lapa (1,1%). 

No Estado, os furtos caíram, embora de maneira leve, no primeiro semestre. Neste ano, foram 267.594 casos, ante 270.758 no mesmo período do ano passado - redução de 1,17%. O destaque foi para a região do Vale do Paraíba e do litoral norte. Nesse período, foram registradas 4.695 ocorrências de roubos em geral, ante 5.087 nos seis primeiros meses de 2011 - queda de 7,71% (392 casos). 

Já um recorde para o semestre foi o de prisões de traficantes no Estado. Houve crescimento de 13,97% nos seis primeiros meses do ano. Foram 20.546 prisões ou apreensões, o maior número desde 2001. 

Justificativas. A Polícia Militar, que todo mês coloca um representante da corporação para falar com a imprensa, desta vez preferiu não se manifestar. Já para o delegado-geral da Polícia Civil, Marcos Carneiro Lima, a diminuição nos crimes só vai ocorrer caso as investigações sejam bem feitas e cheguem aos culpados, assim como ocorreu, segundo ele, nas ocorrências de roubos a condomínio. 

Carneiro avalia que a população da capital, de 11 milhões de habitantes, somada aos 9 milhões de pessoas das outras 38 cidades da Grande São Paulo, criam um ambiente propício para crimes. "Muitas das pessoas que prendemos roubando nos Jardins vieram de outras cidades da Região Metropolitana. A cidade de São Paulo acaba virando alvo para uma multidão." 

Fonte: O Estado de S. Paulo – Metrópole
Bruno Paes Manso (colaborou Daniel Trielli)
http://www.aasp.org.br/aasp/imprensa/clipping/cli_noticia.asp?idnot=12566

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