O número de
pessoas flagradas dirigindo bêbadas neste ano na capital pela Polícia Militar
já supera o total registrado em todo o ano passado. Segundo balanço divulgado
pela PM, foram 7.118 autuações até segunda-feira, média de 41 por dia. No ano
passado, de janeiro a dezembro, houve 6.531 flagrantes. No balanço de quatro
anos de vigência da lei, que entrou em vigor em junho de 2008, a média é de
três prisões por dia.
Os números
confirmam tendência já apontada pelo JT em fevereiro: a proporção de motoristas
flagrados pelas blitze da PM, em relação ao total de motoristas submetidos ao
teste do bafômetro, está crescendo. No ano passado, apenas 2,95% das pessoas
submetidas ao teste estavam bêbadas. Neste ano, o porcentual chega a 6,5%.
Para a Polícia
Militar, o aumento dos flagrantes não quer dizer que o paulistano está
respeitando menos a Lei Seca. O capitão Paulo Oliveira, do Comando de
Policiamento de Trânsito (CPTran), afirma que, neste ano, as blitze têm sido
direcionadas para os pontos da cidade onde o número de flagrantes é maior.
“É um aprimoramento e um direcionamento das ações”, afirma. “Se em um ponto há
registro de quatro flagrantes e em outro há 40, direcionamos as ações para o
lugar com mais desrespeito à lei”, explica.
Regiões críticas
Ainda de acordo
com a Polícia Militar, a zona sul é a área mais crítica da cidade no quesito
desrespeito, com destaque para as regiões da Vila Olímpia e do Itaim-Bibi,
seguido pela Vila Madalena, na zona oeste.
A tática de
direcionar as blitze, no entanto, não é um consenso entre os especialistas no
tema. Para o médico Mauro Augusto Ribeiro, presidente da Associação Brasileira
de Medicina do Tráfego (Abramet), a eficiência da lei está ligada a uma ação de
fiscalização mais efetiva.
“Internacionalmente, o que se diz é que um terço da população deve
ser fiscalizada por ano. Se uma cidade tem 6 milhões de motoristas, como São
Paulo, pelo menos 2 milhões devem ser fiscalizados”, segundo o médico.
Mudanças na lei
Ainda segundo
Ribeiro, as discussões sobre a eficiência da Lei Seca – há um projeto no
Congresso que reduz para zero o limite dos níveis de álcool no sangue – são
prejudicadas pelo fato de que a fiscalização branda da legislação atual impede
uma averiguação adequada sobre o impacto que a lei traria, caso fosse
amplamente fiscalizada. “Qualquer
política pública têm de ser feita com base nesses critérios”, afirma.
O palestrante
Rafael Baltresca, por outro lado, é um dos que defendem um maior rigor. Em
outubro do ano passado, ele perdeu a mãe e a irmã em um acidente de trânsito –
elas foram atropeladas por um motorista acusado de estar embriagado, na frente
do Shopping Villa-Lobos, na zona oeste. “As
pessoas têm de um lado o rigor da fiscalização e, de outro, a empolgação da
balada, da namorada, dos amigos”, diz.
Só com uma
punição severa, segundo Baltresca, essa balança vai deixar de pesar mais para o
lado da responsabilidade na direção. “Esses
números não me assustam. Nem o aumento dos flagrantes. Isso vai acontecer até a
lei ser mudada”, afirma. Baltresca mantém um site, o
www.naofoiacidente.com.br, que recolhe assinaturas para a mudança da lei.
Fonte: Jornal da Tarde – Cidade
Bruno Ribeiro
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